terça-feira, 8 de abril de 2008

espectro

Eu não sei de onde veio a minha mão.
Do futuro?
Do escuro?
A minha mão enrugada
– de onde suas marcas, senão do tempo?
Mas eu sou jovem ainda,
embora meu rosto,
transfigurado,
carregue marcas do passado.
De que tempo?
Será que vem do vento
esse dobrar da pele,
esse torcer o olho para enxergar?
De que espécie de espelho
nascem meus olhos,
estrábicos,
vermelhos?
De que inverso,
de que raiz do Universo?

Eu estou sozinho,
e de que ausência
brota a minha solidão?
Por qual caminho
foram-se meus amigos,
meus amores?
Que ilusão
teceu esse fantasma?

Eu não sei como contar a minha idade.
Se pela inevitável
fuga dos anos
ou pelas rugas.
Se por meus desenganos
ou pela mesma
dor irreparável de sempre.
Adeus aos anos,
sobretudo aos que não vivi,
adeus aos desencontros
do tempo.

Que minha vida, agora,
será uma eterna espera,
será um descaso de horas.
Adeus,
mãos envelhecidas
por não sei que mistério
fatídico do tempo,
que minha vida,
de hoje em diante,
nascerá da presença,
viverá no presente,
plenamente,
em flagrante.

terça-feira, 1 de abril de 2008

fazenda

fugere urbem